Para celebrar as canções do "maluco beleza"

A memória do rock brasileiro tem habitado alguns dos melhores momentos destes primeiros dias da edição 2013 do Rock in Rio no Rio de Janeiro. E um dia depois de uma notável celebração da figura e da obra de Cazuza, num concerto que juntou nomes como os de Ney Matogrosso, Maria Gadú, Jota Quest ou Bebel Gilberto, um segundo nome maior deste mesmo universo conheceu outro foco de atenção. Muitas vezes descrito como o pai do rock brasileiro e lembrado como "maluco beleza", Raul Seixas esteve na berlinda numa atuação no Palco Sunset que chamou, entre outros, as colaborações de figuras como Zeca Baleiro, Zélia Duncan, sob a liderança de Titico Santa Cruz, e os Detonautas.

Titico Santa Cruz, que na edição 2011 do Rock In Rio surgiu envergando a máscara de "V For Vendetta" que entretanto se transformou no símbolo de tantos protestos que têm acontecido pelo mundo fora, fez questão de, durante o concerto, lembrar não apenas a figura e a música de Raul Seixas, mas também o sentido de algumas palavras e canções, levantando uma vez mais um discurso político que tem caracterizado algumas das atuações de músicos brasileiros no festival, sob imediata aclamação de uma multidão aparentemente em sintonia com estas vozes de descontentamento.

Estreado discograficamente em 1968 quando estava acompanhado pelos Panteras, Raul Seixas (1945-1989) é autor de uma vasta e marcante discografia que gerou temas que o tempo imortalizou e que os muitos que enchiam literalmente o espaço frente ao Palco Sunset cantavam de cor e a viva voz. Seguindo vários caminhos, todavia sob a identidade de um corpo instrumental comum garantido pelos Detonautas, a homenagem recriou clássicos de várias etapas e gerou mais um momento a reter entre os melhores desta edição do festival.